Sobre

Antes de descobrir a doença celíaca eu já havia sido diagnosticada com intolerância à lactose. Eu sempre passava mal após ingerir leite e derivados (gases, inchaço, diarréia) até que decidi fazer o exame pra selar o diagnóstico. Porém, chocólatra como sou não fazia a dieta sem lactose corretamente, então passava sempre muito mal e pensava ser esse o motivo. Só quando aprendi sobre a doença celíaca é que entendi que a intolerância à lactose era, na verdade, apenas um dos sintomas da doença, que já havia machucado tanto meu intestino incapacitando-o de produzir algumas enzimas.

Foram pelo menos 3 anos de sintomas e peregrinações em diferentes médicos até descobrir a causa de todo meu mal estar. Meus cabelos se jogavam no chão, minhas unhas eram feito papel. Quando fui diagnosticada com doença celíaca eu não tinha a mínima ideia do que isso se tratava. O médico na época também não soube me orientar muito bem - problema bem comum entre os celíacos. Apenas deu o diagnóstico e me disse que eu não poderia comer mais glúten pro resto da vida, sugerindo, ao final da consulta, que eu buscasse orientação de uma nutricionista para me ajudar com a nova dieta. Foi em outubro de 2012 e a lembrança da consulta médica ainda é muito clara. Estávamos comemorando o dia das bruxas na faculdade e uma colega levou cupcakes. Eu comi, porque ainda não tinha ideia do que poderia comer dali pra frente.

Os primeiros meses foram bem difíceis e um quadro depressivo me acompanhou pelos dois anos seguintes. Lembro que encontrei uma loja na minha cidade com produtos sem glúten. Dei o endereço e itens para que meu pai buscasse pra mim. A gerente da loja, também celíaca, pediu meu telefone ao meu pai para me ligar mais tarde. Com aquelas novas farinhas eu testei meu primeiro bolo. Era de cenoura e ficou pesado e 'farinhento'. Assim que eu tirei ele do forno recebi uma ligação e quando comecei a contar meu caso pra ela desabei a chorar no telefone feito uma criança.

Ela me adicionou nos grupos de ajuda no facebook e se dispôs a me ajudar no que eu precisasse, já que ela também havia passado por tudo isso. Eu tive que aprender sobre contaminação cruzada, sobre vitaminas, nutrientes e sobre o que aconteceria comigo caso não seguisse a dieta totalmente sem glúten. Precisei aprender a cozinhar - até então eu não fritava nem um ovo! E tive que trabalhar muito minha persistência, porque a cada receita que não dava certo a frustração era inevitável. Ingredientes caríssimos e tempo dedicado para, no fim, não ter aquele tão sonhado bolo para comer. A paciência também teve de ser trabalhada, porque explicar a mesma coisa pra família inteira não foi fácil. E repetir sempre a mesma coisa pra todos que fazem perguntas do tipo: "Mas o que você sente quando come algo com glúten?", "Não pode nem um pouquinho?" ainda é cansativo até hoje.

Eu sempre gostei de escrever e desde meus 16 anos tive diferentes blogs. Demorei a criar coragem para criar este. Foram alguns meses de planejamento até que a ideia saísse do papel. Eu adoro postar fotos das minhas descobertas na cozinha nas mídias sociais e várias pessoam me pedem as receitas, porém, nem sempre eu as tenho digitadas no computador. Decidi criar o 'gluten free vibes' para finalmente compartilhar um pouco da minha rotina, receitas e descobertas dessa outra forma de ver a vida.


Todas as fotos postadas neste blog são de minha autoria. Quando não, os devidos créditos serão dados. Proibida cópia/reprodução sem autorização.

Postagens populares

Curta!